quinta-feira, 11 de março de 2010

Linda estrada sem fim.

Quase nunca chego ao fim. É difícil terminar o que comecei. Foi assim com o curso de inglês e o scrapbook sobre a família. Perdi as contas de quantas vezes dei início à cruzada da Carteira Nacional de Habilitação: foi uma novela até finalmente chegar ao final do processo e conseguir meu direito de fazer barbeiragens e dirigir. Aprender a costurar, Alemão, a ler mão, computação, artesanato, piano, violão: habilidades que nunca desenvolvi completamente, abandonadas no altar. A Pós-Graduação também ficou pela metade.

E a organização das zilhares de fotos e vídeos armazenados no computador está nos planos há sete anos. A arrumação do closet que eu comecei há dois meses foi interrompida horas depois do início, quando encontrei uma caixinha cheia de bilhetinhos da época em que namorava meu marido. Passei horas lendo e me divertindo com aquelas bobagens românticas e quando vi já era noite. Deixei pra continuar a faxina no dia seguinte, mas nunca mais encontrei tempo e agora já está tudo bagunçado de novo.

Avalio o passado e constato que nunca completei um álbum de figurinhas.

Poucas coisas até hoje me proporcionaram o prazer de saber o que é chegar ao final do caminho: me formar em uma boa universidade foi uma delas. Comecei e terminei o curso de Graduação sem nunca ter pensado em abandoná-lo. (Bom..talvez uma vez ou duas, mas universidade pública enfrenta muitas greves e eu tinha só 17 anos!) O meu trabalho também tem esse raro poder de me conduzir até o final. Quando estou envolvida com um projeto profissional, tenho entusiasmo do começo ao fim, mesmo que o trabalho exija minha dedicação durante anos. (Pensando bem..já abandonei chefes saudosos ao encontrar um desafio maior à minha frente).

Nunca me senti presa a nada.

Meu casamento também tem sido um projeto a longo prazo, ao contrário dos namoros relâmpagos que tive antes. Mas confesso que no começo, ao me deparar com as meias jogadas pela sala e a sogra sentada no sofá dando palpites, pensei encerrar o compromisso antes do prazo (o prazo vocês sabem, está decretado no contrato, naquela cláusula do “até que a morte os separe”), mas o amor imenso que sinto (e o preço que os cartórios cobram pra consumar o divórcio) me fez voltar atrás.

Ser mãe é o primeiro projeto fora do âmbito profissional que vou levar até o final. E esse final é: nunca! Me dei conta disso ontem, durante o banho, quando olhei para a barriga (a minha, claro!) e senti um princípio de pânico e, em seguida, uma imensa gratidão, ao perceber que desta vez não dá para desistir no meio do caminho. Não tem volta, não tem fim. Filho é para sempre. Aliás, é para além de sempre. Eterno é pouco. Infinito é ínfimo. Filho é muito mais e nem inventaram ainda uma unidade de medida adequada para mensurar essa relação.

Mães e pais iludidos sobre seus sentimentos acabam descobrindo tarde demais que é impossível interromper esse projeto. Abortar, abandonar o bebê em algum lugar, entregá-lo para adoção, rejeitá-lo, tratá-lo mal, expulsar o filho adolescente de casa, fingir que ele não existe, nada disso vai eliminar da vida de uma pessoa o fato de que ela é mãe ou pai. É um vínculo mais forte que o aço, mais resistente que a morte. Não há distância que possa destrui-lo, não há palavra que consiga sufocá-lo. Ainda que os filhos partam, mesmo que os anos passem. Até quando o amor parece ter desaparecido ou nunca existido. A experiência de ser pai e mãe permanece, seja na memória ou no coração.

Saí do banho renovada e murmurei agradecida para a minha barriga: Obrigada, meu filho, por mudar esse hábito que eu não gostava em mim, por me ensinar a ir até o final, a não desistir. Por fazer de mim uma pessoa melhor, de quem eu gosto muito mais agora. Por me fazer tão feliz e por ser eternamente parte de mim.


Anônima.


No momento mais inexplicável da minha vida, encontro alguém que explica por mim.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Não tem mais como acreditar que as coisas acontecem ao acaso.

E me sinto extremamente bem com isso!




Falta decifrar a vida,

ou não.




Sei é que quero conservar minhas percepções do jeitinho que estão agora...

Olhar pra cima sempre me deu tanto conforto, e eu nunca tive capacidade de desacelerar e prestar atenção nos meus anseios...


Tá tudo voltando aos eixos. Finalmente.


domingo, 13 de abril de 2008

Ao meu redor está deserto
Você não está por perto
E ainda está tão perto

Dentro dessa geladeira, dentro da despensa e do fogão
Dentro da gaveta, dentro da garagem e no porão

Em todos os armários, nos vestidos, nos remédios, num botão
Por dentro das paredes, pelos quartos, pelos prédios e no portão

Até no que eu não enxergo
Até mesmo quando eu não quero
Eu não quero

Dentro da camisa, no sapato, no cigarro
na revista, na piscina, na janela, no carro ao lado
No som do rádio

Eu ouço a mesma coisa
O tempo inteiro, em fevereiro, em janeiro, em dezembro

Ao meu redor está deserto
Tudo que está por perto
Ainda está tão perto


.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Juntando minhas economias.


quarta-feira, 5 de março de 2008

Agonia é ficar esperando a vida se ajeitar.
Talvez se as coisas mudassem todas de uma vez, seria mais fácil pra acostumar, pra me sentir bem, pra me satistazer.

Mas não adianta... Elas mudam de novo daqui a um pouquinho... E sem meu consentimento.

Cansei, tô cheia de mudança.
E não pode cansar...

Cadê aquela vontade de ter e fazer tudo novo? Se afogou no mar, no Reveillon..?

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

"Enquanto ignoramos o que devemos fazer, a sabedoria está em permanecer inativo. De todas as máximas, esta é a de que o homem tem maior necessidade e a que ele é menos capaz de seguir. Procurar a felicidade sem saber onde ela está é correr o risco de perdê-la, é correr tantos riscos contrários quantos são os caminhos para se perder. Mas não pertence a todos saber não agir. Na inquietação em que nos mantém o ardor pelo bem-estar, preferimos enganar-nos perseguindo-o a nada fazer para procurá-lo, e, uma vez saídos do lugar em que podemos encontrá-lo, não mais sabemos voltar a ele."

Rousseau, em Emílio.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Minha necessidade de ser cuidada, essa demonstração de infantilidade extrema e/ou de inegável impotência no que diz respeito a me bastar, ao que pensei, tinha passado.


Ledo e in-fe-liz engano.


Me enganar sobre coisas, pessoas, fatos, decisões, memórias... tudo isso dói.

O que mais dói é me enganar comigo mesma...